sexta-feira, 28 de março de 2008

10.000 B.C.

O filme de aventura 10000 bc do diretor Roland Emmerich conta a historia de um jovem caçador chamado D’leh (Steven Strait) que se apaixona por Evolet (Camilla Belle), que por sua vez é seqüestrada pelos ‘monstros de quatro patas’. A partir daí D’leh começa a reunir um exército para resgatar sua amada, atravessando desertos, matas fechadas, lutando contra animais pré-históricos e por fim com os seqüestradores de sua valiosa Evolet.

A idéia foi muito boa, mas efeitos especiais exagerados enfraquecem o filme. Também senti um tom de sorte do protagonista, isso passa um pouco a idéia de que o escritor não tinha mais como contornar a situação e apelou radicalmente. Eu realmente esperava mais do diretor de O Dia Depois de Amanha, Independence Day, Godzilla, entre outros.

segunda-feira, 24 de março de 2008

O PODEROSO CHEFÃO

Direção: Francis Ford Coppolla, 1972

Aqui está uma dica que você não poderá recusar: o clássico do gênero 'máfia', junto com Os Bons Companheiros e Scarface, é indispensável na coleção de qualquer cinéfilo. Baseado (com total fidelidade) no livro de Mário Puzo, O Poderoso Chefão é um retrato do crime organizado nos anos 40 nos EUA, onde famílias mafiosas disputavam entre elas o controle do jogo e da prostituição no país. O foco se dá ao observar a família Corleone e mostrar o lado feio do poder, a 'influência clandestina' dos padrinhos.
Quando Don Corleone (Marlon Brando) se recusa a entrar no negócio de drogas, sua vida é ameaçada após uma tentativa de assassinato por mafiosos rivais. É nesse momento que os Corleone mostram do que são capazes, desafiando todos a sua volta, inclusive a polícia. Os atos intempestivos de Sonny (James Caan), filho do Don, se contrapõem aos do irmão estudante Michael (Al Pacino); aconselhados pelo consegliere de seu pai, Tom Hagen (Robert Duvall), eles vão a guerra para se vingar daqueles que machucaram seu mestre, seu protetor, seu padrinho.

As interpretações, principalmente de Marlon Brando como o patriarca da família e de Al Pacino na transição de um bom moço universitário ao novo chefe da máfia, são um dos atrativos do filme. Também é muito interessante a relação de poder que se estabelece entre todos durante a trama: as atitude não são impensadas, pelo contrário, tudo é friamente calculado, mostra o sangue frio dos criminosos em fazer o que é preciso ser feito. A violência não é um espetáculo gratuito na produção, ela enfatiza o respeito que um sobrenome impôe numa sociedade dominada por poucos, a forma como todos nós sempre devemos mais do que merecemos.
Uma parte em que a arte imita a vida perfeitamente é a da jornada do cantor Johnny, sobrinho de Don Corleone. Os problemas e situações que o personagem enfrenta são as mesmas vividas por Frank Sinatra no começo dos anos 50: a voz enfraquecendo, falta de bons papéis no cinema e auto-estima em baixa. As supostas ligações de Frank Sinatra com a máfia são lendárias e possivelmente verdadeiras, tanto que só um padrinho resolveria seus problemas com tanta 'sutileza', por assim dizer. Assista e descubra como.

Cairo C. Fontana

segunda-feira, 17 de março de 2008

IRMÃOS DE SANGUE

Direção; Spike Lee, 1995

Toda vez que um viciado sai atrás da droga, quem lhe vendeu a primeira dose pode não ser o mesmo que lhe venderá a segunda. Neste filme de Spike Lee, baseado no livro homônimo de Richard Pryor Clockers, o lado mais negro do mundo das drogas no Harlem se revela, onde nem as crianças são poupadas.
Quando Strike (Mekhi Phifer), a mando de Rodney (Delroy Lindo), é chamado para matar um traficante rival e tomar seu lugar, sua paz acaba: os investigadores Rocco e Larry (Harvey Keitel e John Turturro, respectivamente) não acreditam que o irmão de Strike, Victor (Isaiah Washington), homem de família e honesto, tenha cometido o crime. Pelo contrário, suspeitam de Strike e Rodney, o dono do tráfico no bairro.
Numa trama onde ninguém é ‘simplesmente inocente’, Lee soube conduzir com sutileza os conflitos raciais e a dúvida entre honestidade e corrupção, sem falar na destruição que as drogas causam na vida das pessoas.

- O estilo do diretor não deixa dúvidas: todos os seus filmes discutem a relação dos negros com vários temas, desde namoro com pessoas brancas (Febre da Selva, 1991) até a ascensão e queda de negros (Mais E Melhores Blues, 1990). Irmãos de sangue fala sobre como as drogas subvertem seus consumidores e fazem seus entes queridos mentir e sofrer por eles. A interpretação dos papéis é incrível por parte de todos os atores, seja do núcleo das drogas ou daqueles contra elas: o poder dos diálogos, ligados ao drama real de ser perseguido por algo que você não fez mas tenha um passado sombrio faz com que a trama seja uma extensão do que vemos em todos os jornais, mas sem o ‘depois’ que esquecemos de olhar.

Cairo C. Fontana