segunda-feira, 17 de março de 2008

IRMÃOS DE SANGUE

Direção; Spike Lee, 1995

Toda vez que um viciado sai atrás da droga, quem lhe vendeu a primeira dose pode não ser o mesmo que lhe venderá a segunda. Neste filme de Spike Lee, baseado no livro homônimo de Richard Pryor Clockers, o lado mais negro do mundo das drogas no Harlem se revela, onde nem as crianças são poupadas.
Quando Strike (Mekhi Phifer), a mando de Rodney (Delroy Lindo), é chamado para matar um traficante rival e tomar seu lugar, sua paz acaba: os investigadores Rocco e Larry (Harvey Keitel e John Turturro, respectivamente) não acreditam que o irmão de Strike, Victor (Isaiah Washington), homem de família e honesto, tenha cometido o crime. Pelo contrário, suspeitam de Strike e Rodney, o dono do tráfico no bairro.
Numa trama onde ninguém é ‘simplesmente inocente’, Lee soube conduzir com sutileza os conflitos raciais e a dúvida entre honestidade e corrupção, sem falar na destruição que as drogas causam na vida das pessoas.

- O estilo do diretor não deixa dúvidas: todos os seus filmes discutem a relação dos negros com vários temas, desde namoro com pessoas brancas (Febre da Selva, 1991) até a ascensão e queda de negros (Mais E Melhores Blues, 1990). Irmãos de sangue fala sobre como as drogas subvertem seus consumidores e fazem seus entes queridos mentir e sofrer por eles. A interpretação dos papéis é incrível por parte de todos os atores, seja do núcleo das drogas ou daqueles contra elas: o poder dos diálogos, ligados ao drama real de ser perseguido por algo que você não fez mas tenha um passado sombrio faz com que a trama seja uma extensão do que vemos em todos os jornais, mas sem o ‘depois’ que esquecemos de olhar.

Cairo C. Fontana

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